sábado, 12 de junho de 2010

Enquadramento histórico do Hospital Geral de Santo António, Porto, Sec.XIX

Num contexto histórico, social, cultural e estético do fim do século, o Hospital Geral de Santo António foi um dos grandes marcos do Neoclassicismo no nosso país. Época de retoma da cultura clássica na Europa Ocidental, este movimento artístico surgiu como reacção ao Barroco. Com o principio de que a Era Clássica deveria ser adaptada à realidade moderna, propunha a discussão dos valores clássicos em contraposição ao classicismo renascentista que replicava elementos antigos sem critérios considerados concisos. Arquitectos formados num clima cultural de racionalismos iluministas e educados no entusiasmo pragmático da civilização clássica cada vez mais conhecida (devido ás constantes viagens ao longo da Europa proporcionadas por uma sociedade com um vasto poder económico, e estudada através dos progressos arqueológicos) fizeram uma arquitectura com características muito próprias.

Utilizavam materiais nobres como a pedra, o mármore, o granito e a madeira trabalhados com processos técnicos avançados e sistemas construtivos simples. Os esquemas eram mais complexos com linhas ortogonais mas com formas simétricas, geométricas e regulares. de volumes maciços, bem definidos por planos murais lisos, empregavam abóbadas de berço, cúpulas, pórticos colunados, entablamentos lisos, frontões triangulares e os espaços interiores eram organizados segundo critérios geométricos formais. Exteriormente estes edifícios ainda tinham uma decoração bastante estrutural. É neste enquadramento estilístico que surge o Hospital Geral de Santo António no Porto com o lançamento da primeira pedra a 15 de Junho de 1770 e recebeu os primeiros doentes a 14 de Agosto de 1795. O projecto inicial, encomendado ao inglês John Carr (1723-1807) nunca foi terminado, mas o projecto inicial encontra-se neste blog em 2D. Originalmente esta construção era grandiosa nas suas proporções, pois constava de quatro fachadas quadrigulares com capela no centro, mas a falta de recursos da Misericórdia do Porto reduziu as aspirações do seu projectista e acabou por dar como fanalizada quando esta tinha a forma de um U e não de quadrado como tinha sido inicialmente projectada.

Simbolo do apogeu neoclássico da cidade do Porto, este edificio, é representativo da forte presença inglesa e do estilo neopalladiano e em 1824, grande parte deste edificio ficou concluido no entanto em 1950 faltava-lhe ainda uma quarta fachada e que nunca chegou a ser construída. Dentro da corrente artística que ocorreu durante a segunda metade do século XVIII e primeiro uartel do século XIX, o Hospital Geral de Santo António, remete para uma linguagem simples, simétrica e geométrica. A fachada principal, com 177 metros de largura é composta por cinco planos diferentes. O primeiro andar com aparelho rusticado, rasgado por janelas e portas em arco; corpo central antecedido por um pórtico de cinco arcos redondos sobre o qual se encontra uma varanda balaustrada que sustenta o entablamento rematado por um frontão triangular. O segundo andar tem janelas encimadas por frontões triangulares. O terceiro andar designado por "mezzanino", é ligeiramente mais recuado em relação ao segundo andar.

O processo de modelação deste edificio num plano virtual teve início com a recriação desta estrutura em 2D, utilizando para tal efeito, medidas (em altura) facilitadas pela "Porto Digital" no âmbito do concurso "O Porto em 3D". Sendo que estes dados não eram sufucientes a deslocação in loco tornou-se inevitável. Durante este decurso in loco foram elaborados desenhos, que mais tarde serviram de auxílio. Tiraram-se ainda diversas fotografias, tanto de detalhes como ao enquadrmanto geográfico. Mais tarde essas mesmas fotografias serviram para aplicar "mapas" nas diferentes áreas do edificio. A parte da animação foi elaborada através do programa informático AutoDesk Viz e contou com a colaboração do Paulo Pacheco.

Bibliografia
Anacleto, Regina (1990) História da Arte em Portugal - neoclassicismo e romantismo Vol.X. Lisboa: Publicações Alfa
Pereira, Paulo (1995) História da Arte Portuguesa. Vol.III. Lisboa: Circulo de Leitores

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